Publicado originalmente em outubro de 2020.
"A nossa experiência do tempo mudou. Percebemos eventos breves que antes poderiam escapar à nossa percepção e apreciamos os muito longos, cujas durações seriam consideradas, digamos há 15 anos, intoleráveis.
Agora prestamos atenção em como um som começa, continua e desaparece. (...) Também somos receptivos [open-minded] ao silêncio. Ele geralmente não é tão desconcertante como costumava ser." - John Cage, O Futuro da Música ("The Future of Music", conferência pronunciada na YMHA, NY em 1974 e parte da coletânea Escritos de Artistas: Anos 60/70)
Este livro tem me acompanhado nos últimos dias. Claro, as palavras ecoaram forte por aqui e a citação é apenas uma introdução. É sobre a importância da abertura da mente e o rompimento com preconceitos. E como a música é e vai muito além. "A mudança não é destruidora. Ela é animadora."
Nesta edição escolhi álbuns que podem causar um certo estranhamento pelo silêncio ou dodecafonismo, pelos sussurros, gritos ou grunhidos. O minimalismo e o maximalismo: cada um com sua beleza. Espero que goste. ;)
:: Criei uma playlist com (quase) todos os hits da newsletter. Segue lá! ::
Einstürzende Neubauten - Alles In Allem (2020)
De onde: Berlim, Alemanha
Pra quem curte: Cordas e percussão entre sons inusitados, sinestesia, synths luxuosos, Nick Cave, dadaísmo, silêncios precisos, valsas distópicas, passado-presente-futuro fantasmagórico.
O hit: "Ten Grand Goldie"
YouTube | Spotify | Blixa Bargeld sobre o disco
Kelly Lee Owens - Inner Song (2020)
De onde: Rhuddlan, País de Gales
Pra quem curte: Techno, John Cale, dream pop, luz e sombra, Matisse, Beach House, momentos transcendentais-curativos em uma pista de dança (mesmo que seja em casa).
O hit: "Jeanette"
Marnie Stern - Marnie Stern (2010)
De onde: Nova York, EUA
Pra quem curte: Guitarra-vocal-bateria hiperativas, Hella, riffs grandiosos, Deerhoof, math rock, riot grrrls, vulnerabilidade e resiliência.
O hit: "For Ash"
Bandcamp | YouTube | Spotify
J. Zunz - Hibiscus (2020)
De onde: Ensenada, México
Pra quem curte: Minimalismo, Veludo Azul, ranhuras eletrônicas, drones, Chromatics, cortes secos, Bridget Riley.
O hit: “Y"
Bandcamp | YouTube | Spotify
Patife Band - Corredor Polonês (1987)
De onde: Paraná e São Paulo, Brasil
Pra quem curte: Vanguarda paulista, dodecafonismo, sons estressados, o punk e o erudito, expressionismo abstrato, melodias atonais e ritmicamente assimétricas.
O hit: “Tô tenso"
YouTube | Ao Vivo (álbum) | Ao vivo no DemoSul (2003)
Esse é sempre o melhor momento da semana
Já vi vários shows de Patife, acho uma banda ótima e muito subestimada no cenário nacional, boa recomendação 🔥